sexta-feira, 17 de julho de 2015

Descobrindo o feminismo e a importância do feminismo negro!

Quando tinha mais ou menos 13 pra 14 anos eu ouvia repetidas vezes de uma tia que quando me casasse meu marido iria me bater pelo fato de eu ser preguiçosa e não saber cozinhar, até então aquilo pra mim não soava tão absurdo como soa hoje. Inúmeras vezes eu ouvi essa mesma tia contar como ela teve um casamento horrível, que o marido batia nela e das vezes na qual ela pegou ele com outra na cama. E sabe quem eu julgava, sim, eu julgava ela. Pensava em como ela não tinha se esforçado em ser uma boa esposa, se ela era muito preguiçosa e por isso ele fez aquilo com ela e tantas outra besteira machistas que a gente vê e lê todos os dias.
Ficava imaginando quão horrível é casar, ter que cuidar de casa, marido, filho, trabalhar... tinha um sonho de ser mãe solteira pra não ter que passar todos os absurdos que ouvia nas rodinhas de conversas entre minhas tias.
Fui crescendo e o universo masculino se tornou algo real pra mim, eu não pensava mais nas historias traumatizantes da minha tia. 
Ia ao shopping com as amigas, paquerinha na escola, paquerinhas pelo bairro, etc. Mas tinha uma coisa que me incomodava nas saídas com minhas amigas, comecei a perceber que eu não chamava muito a atenção dos garotos, enquanto elas faziam "sucesso", sempre me perguntei se não era pelo fato de ser negra, apesar de estar toda inserida no padrão eurocêntrico, mas de imediato eu descartava essa ideia, afinal se fosse isso mesmo eles nem seriam meus amigos, eu pensava. Eu tinha preferencias por garotos brancos, cresci com a ideia de casar com um homem não negro pra que meu filho não nascesse negro, isso é real, eu pensava assim e as vezes me assusto com isso quando lembro. E claro os meninos por qual me interessava nem olhavam pra mim. Comecei a me colocar defeitos, achava que era por causa das roupas ou cabelo que não estava legal, minhas amigas tinham aquelas belas progressivas, piercing no nariz (que eu sempre quis usar, mas não me permitia porque sentia vergonha do meu nariz, achava que ele me inferiorizava e alem do mais diziam que  não ia ficar legal porque meu nariz era muito grande), piercing no umbigo (que acabei colocando pra me enquadrar no grupo, depois descobri o quanto odiava aquele negocio), odiava o meu cabelo, tentava ao máximo deixa-lo liso. Comecei a não querer mais sair com elas, me sentia inferior e deslocada, mas como não tinha muita escolha eu saia e lá estava eu no meio de muitas pessoas, mas ao mesmo tempo só. 
Quando completei 16 anos e já estava no ensino médio as coisas começaram a mudar e eu me sentia mais confiante. 
Mas só aos 20 anos quando comecei meu processo de empoderamento, percebi que aquela minha ideia descartada (de não chamar a atenção dos garotos por ser negra) não era bobagem e não era mentira.
A solidão da mulher negra é real, é concreta, é sentida e é apenas mais uma das opressões sofridas por  nós, dentre tantas outras não menos importante. O feminismo negro deve ser abordado, esclarecido e direcionado. Ele não divide o feminismo, muito menos segrega, quem pensa isso é quem já tem essa segregação em mente. A mulher branca nunca vai poder falar pela mulher negra. Se é difícil até pra nós que sentimos na pele, saber identificar pequenas opressões diárias, imagina quem nunca sofreu. Se o feminismo vem pra nos empoderar diante da opressão machista o feminismo negro vem pra lutar pela opressão machista, racista, de inferiorização da mulher negra, da solidão e da falta de representação para tantas que assim como eu que um dia anulou e para muitas que ainda anula o fato da sua solidão ter relação com a cor. 

Um comentário:

  1. Olá Cintia tudo bem com você? espero que sim.

    Eu não sei se você viu, mas criaram um blog nojento chamado tio Astolfo, que defende abertamente o estupro de mulheres e a pedofilia.

    E ainda me colocaram como autor do blog, só imagina o constrangimento que e para mim isso, por isso te peço que denuncie o blog

    http:// tioastolfo. com

    (Emende na barra do navegador a URL

    Eu coloquei assim a URL assim para diminuir o risco deste comentário ir direto parar na caixa de spam.)

    Para a policia federal por e-mail (crime.internet @dpf. gov .br) e/ou depois denuncie o para a http:// safernet. org .br/

    Ai talvez a PF de um jeito de tirar esta imundice de blog do ar e punir o dono.

    Se possível peça a outras pessoas que denunciem também, Conto com a sua ajuda minha colega de feminismo.

    Você não precisa publicar este comentário, eu só fiz ele porque não achei nenhum formulário para contato aqui, pode apaga o este comentário depois de ler.

    Um abraço

    ResponderExcluir